quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Mulheres de Domingos Martins x Direitos

As mulheres de Domingos Martins lutam organizadamente por seus Direitos?

Ao estudarmos o Módulo II do nosso Curso de Gestão de Políticas Públicas de gênero e raça, tomamos contato com as diversas formas de organização das mulheres na luta por seus direitos. Uma das principais lutas é pela superação das estruturas patriarcais que insistem em manter as mulheres em posições subalternas e submetidas aos homens.



Analisando a história brasileira certamente vislumbramos a atuação das mulheres em diversos espaços da nossa sociedade. Esta atuação vem acontecendo desde o século XVIII e até aos nossos dias no século XXI. 
 
Desta forma lendo o nosso texto é possível perceber as diversas perspectivas de manifestação do movimento feminista. As mulheres se organizando de diversas formas e diversos espaços na superação das desigualdades de gênero. Em um dado momento esta luta significou o esforço para garantir o acesso a educação e ao direito de exercício da cidadania através do voto. Em outro momento, da organização das mulheres a pauta comum foi a luta contra a ditadura militar instalada no Brasil a partir de 1964 e a defesa da autonomia das mulheres diante dos homens, da família e do Estado.

Em um momento mais recente a luta no final dos anos 1980 foi a defesa da inclusão dos direitos das mulheres na constituição cidadã, da república federativa do Brasil, no ano de 1988.



As mulheres ao longo da sua trajetória, além de lutar contra a violência de gênero (da qual são vítimas), tem encampado inúmeras outras bandeiras. Dentre as quais destacamos a luta pela paz, pelo planeta sustentável, pela representatividade política nas diversas instâncias de poder, pela divisão igualitária do trabalho doméstico entre mulheres e homens, pelo acesso adequado ao mercado de trabalho (equidade em reconhecimento de profissionalismo), pelo direito ao aborto (direito ao seu corpo), dentre outros.

Desta forma estudando sobre a organização das mulheres vemos a existência de diversos movimentos que tratam também as especificidades, tais quais movimento de mulheres negras, movimento de mulheres indígenas, movimento das trabalhadoras urbanas, trabalhadoras domésticas, trabalhadoras do sexo, movimento das trabalhadoras rurais, movimento de mulheres lésbicas e movimento de mulheres jovens. 
 
Estudando este texto constatamos uma organização inquestionável das mulheres na perspectiva de afirmação de seu protagonismo em nosso país, em nosso estado, em nossas cidades e na vida de todos nós.



Esta organização tão forte das mulheres em nível nacional e estadual estaria também presente em Domingos Martins?

Para buscar resposta para esta questão, começamos a conversar com as pessoas que estudam conosco no Pólo (Domingos Martins). É percebível que majoritariamente, nenhuma delas identificou organizações femininas no município.

Não satisfeito com esta situação, acessei o site da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Espírito Santo (FETAES) e procurei verificar se a referida Federação fazia algum trabalho em relação as reivindicações das mulheres. (nesse recorte temos as trabalhadoras ruais).



De imediato verifiquei que na missão da entidade já acontecia uma referência de gênero ao considerar a existência de trabalhadores e trabalhadoras. A seguir o texto da Missão da Entidade:

Coordenar e mobilizar a categoria dos trabalhadores e trabalhadoras rurais a nível estadual, mediante as dificuldades existentes, buscando ações para a construção de um modelo alternativo de desenvolvimento rural sustentável, no que pese a organização e o crescimento da consciência da classe, com o propósito maior de uma sociedade igualitária e justa”.


Analisando também suas bandeiras de luta percebemos a existência de uma proposta de Organização das “Mulheres Trabalhadoras Rurais”. Em seguida constatamos a existência de uma Coordenação Estadual de Mulheres Trabalhadoras Murais cuja a responsável é a diretora Maria Augusta Búffolo.


Transcrevo a seguir, na integra os objetivos desta Coordenação Estadual. Nele percebemos um compromisso com a discussão das questões de gênero:


A Comissão Estadual de Mulheres trabalhadoras rurais tem um papel de garantir dentro e fora das instâncias sindicais a inclusão das mulheres trabalhadoras rurais. Fomentando a discussão sobre gênero e oportunizando a participação das mulheres nos espaços de decisão e poder.
Historicamente, as mulheres têm um papel decisivo na organização do Movimento Sindical de Trabalhadores Rurais, a luta pela terra e a reforma agrária não podem ser entendidas sem considerar a participação das mulheres. Não nota-se, porém esta importância quando diagnosticamos a participação das mulheres nas instâncias organizativas e decisivas do MSTTR. Este sem duvida é o espaço por excelência que as mulheres devem ocupar através de sua organização. Por isso é prioridade da Comissão os programas de formação de lideranças das mulheres”.


Analisando também as ações propostas , destacamos as ações relacionadas a garantia da participação das mulheres na atividade sindical: cotas de 30% para participar nos eventos e na direção do sindicato. Além das cotas, percebemos que há uma preocupação com a formação continuada das mulheres para que as mesmas possam realizar uma intervenção qualificada no processo político de organização dos trabalhadores e trabalhadoras rurais. Eis as propostas:


  • Organizar a participação das mulheres no Sindicato de Trabalhadores Rurais (STR's);
  • Garantir a cota de no mínimo 30% nos processos eleitorais e nos eventos dos STR's;
  • Garantir a transversalidade de gênero em todos os conteúdos e elaborações do Movimento Sindical e nas conquistas de direitos;
  • Organizar a CEMTR/ES para garantir um processo continuo de formação, atualização e intervenção com qualidade das mulheres nos espaços de decisão”.


Desta forma constatei que a Federação dos Trabalhadores na Agricultura(FETAES) tem uma discussão sobre gênero e viabiliza a organização das mulheres trabalhadoras. O passo seguinte foi verificar se o Sindicato de Domingos Martins, também filiado a FETAES, tinha uma atividade voltada para as mulheres.


Através de contato telefônico com o sindicato trabalhadores de Domingos Martins constatei a existência de uma Secretaria de Mulheres naquele sindicato. A função é conduzida pela trabalhadora Adir das Chagas Klein. E constatei ainda a existência de um Centro da Juventude e da Mulher rural.


Continuando ainda minha busca por outras organizações em que as mulheres participam descobri que em Domingos Martins existe também o Movimento de Pequenos Agricultores. Toda a discussão que eles desenvolvem está centrada na discussão da Família. Não consegui identificar nada relacionad à uma discussão específica da pauta de direitos das mulheres (Ou seja, não há um recorte de gênero na discussão).


Naturalmente que não foi possível conseguir mais informações sobre as mulheres que atuam no STR de Domingos Martins. Mas certamente algumas perguntas ficam para que possamos em outro momento buscar informações e enriquecer o nosso blog. Sejam elas:


As mulheres trabalhadoras rurais de domingos Martins participam regularmente das reuniões dos sindicatos?


Debatem efetivamente uma pauta de gênero?

Participam de eventos estaduais e nacionais na discussão das pautas gerais da sociedade e específicas das mulheres?


Estas perguntas espero poder respondê-las em outro texto ao longo deste curso.
 
(João José Barbosa Sana) 

Banco de Imagens:

Foto 1: http://migre.me/5QzDL

Foto 2: http://migre.me/5QzEB

Foto 3: http://migre.me/5QzFc

Foto 4: http://migre.me/5QzIg


Nenhum comentário:

Postar um comentário